FIQUE ATENTO: ALGUNS MEDICAMENTOS PODEM PROVOCAR LESÕES NO ESÔFAGO.

Vários medicamentos podem provocar dano esofágico, quando há transito esofagiano lento, entretanto o transito retardado não é condição suficiente para desencadear o dano esofágico. A forma da pílula tem influência na velocidade do transito. Pílulas pequenas, arredondadas e pesadas apresentam transito mais rápido. As cápsulas revestidas com substâncias aderentes podem permanecer mais tempo em contato com a mucosa. Fatores como tomar a pílula na posição deitada, ingestão sem (ou pouca) água, doenças pré-existentes (neurológicas, aumento do átrio esquerdo do coração, cirurgia cardíaca, estenose do esôfago..), também influenciam.

Os principais sintomas são dificuldade para engolir, dor ao engolir e dor no peito que surgem subitamente algumas horas após a ingestão do medicamento podendo durar dias ou semanas.

O diagnóstico é feito pela endoscopia com identificação de uma úlcera rasa na porção média do esôfago, com graus variáveis de inflamação. O diagnóstico diferencial inclui infecções virais, bacterianas, fúngicas, e lesões causticas. O exame histológico feito através da biopsia do local completa o diagnóstico. É indispensável suspender o medicamento e mudar o tipo de apresentação do medicamento de um comprimido para a forma líquida pode ajudar. Sempre tomar medicamentos em pé ou sentado, no mínimo dez minutos antes de deitar, com bastante água.

SANGUE OCULTO NAS FEZES. DEVO ME PREOCUPAR?

Sangue oculto pode ser pesquisado de várias formas, é preciso saber que tipo de teste foi usado para ajudar o diagnóstico. O ideal é que seja usado testes imunoquimicos, que identificam somente hemoglobina vindo do intestino grosso, não precisa se fazer uma dieta específica antes do teste, nem suspender medicamentos. O Diagnostico diferencial para sangue oculto nas fezes é extenso, inclui doenças parasitárias, úlceras, divertículos, fissura, doença hemorroidária. Ele pode ser usado para investigação de anemia, principalmente no paciente idoso. Se o paciente tem anemia por deficiência de ferro e um teste positivo, ele deveria fazer uma endoscopia digestiva e uma colonoscopia, e se não se identificar nenhuma causa que justifique, está indicado fazer uma avaliação do intestino delgado com uma cápsula endoscópica.

Se o paciente não tem anemia, e o Teste é positivo, está indicado fazer colonoscopia e a endoscopia neste caso, só se o paciente tiver queixas específicas.

 O principal uso deste teste é para o rastreamento de câncer colo retal, um tumor no intestino pode ter discretos sangramentos, muito antes de apresentar algum sintoma, mas a sensibilidade do teste não é boa para detectar pólipos benignos, que são lesões que predispõe ao câncer. Os estudos também mostram que a sensibilidade é maior para lesões do colon esquerdo do que do direito. 

O rastreamento para câncer de intestino geralmente começa a partir dos 50 anos, e antes disto na presença de história familiar. Um teste positivo já é requisito para se fazer uma colonoscopia, mas com um teste negativo não se pode afastar este diagnóstico, uma vez que sangramentos podem ser intermitentes, e muitos tumores não sangram em fase inicial.

A doença de chagas ainda é problema?

A doença de Chagas continua sendo um grave problema de saúde, especialmente nas Américas. Está presente em 21 países do continente americano, com cerca de 30.000 novos casos por ano, com 1400 mortes e 8000 recém nascidos infectados durante a gestação.

No Brasil, em 2018, foram notificados 4685 casos suspeitos de doença de Chagas agudo sendo confirmados 380 casos. É causada pela picada do barbeiro que infecta o indivíduo com suas fezes contaminadas pelo Trypanosoma cruzi.

É a quarta maior causa de morte por doenças infeciosas no Brasil na forma crônica da doença (Boletim epidemiológico SVS – MS V.50 / Nov 2019). A fase aguda da doença apresenta sinais e sintomas inespecíficos que dificultam o diagnóstico. Na fase crônica, a maioria dos pacientes permanecem assintomáticos por vários anos ou apresentarão sintomas relacionados ao órgão ou sistema atingido. Podem ser atingidos órgãos do sistema digestório e também o coração ( forma cardíaca da doença ). Os principais representantes da forma digestiva da doença de Chagas são o megaesôfago (dilatação do esofago) e o megacólon (dilatação do intestine grosso). No Brasil cerca de 8-10% dos pacientes crônicos possuem a forma digestiva da doença.

Pacientes portadores da forma digestiva apresentam uma série de sintomas relacionados a obstrução do órgão. Tanto no megaesôfago quanto no megacólon, os órgãos exibem grande dilatação e dificuldade de passagem do conteúdo alimentar por perda da mobilidade natural do órgão .

O sistema nervoso do intestino é uma complexa rede de neurônios e células “nervosas” dispostas dentro das paredes do trato gastrointestinal e tem a característica única de poder realizar suas funções de motilidade completamente independentes do sistema nervoso central. O megacólon chagásico é uma patologia caracterizada pela destruição de componentes do sistema nervoso do intestino, mediada tanto pelo processo inflamatório quanto pela infecção causada diretamente pelo T. cruzi. A ressecção cirúrgica dos segmentos do cólon acometido pela forma digestiva da doença de Chagas é um dos poucos tratamentos disponíveis a estes pacientes. No megaesôfago existem procedimentos endoscópicos que podem beneficiar os doentes em fases iniciais da dilatação do órgão; porém, nos casos mais avançados, a cirurgia também será necessária.

Gases? Você pode ter supercrescimento bacteriano.

Vários distúrbios predispõem ao supercrescimento bacteriano, são eles:      distúrbios de motilidade causados por diabetes mellitus, narcóticos, síndrome do intestino irritável, esclerodemia.

Distúrbios anatômicos– aderências, estenose, diverticulose do intestino delgado, alças intestinais cegas (pós-procedimentos cirúrgicos)

Doenças imunológicas– HIV

Diminuição do acido clorídrico gástrico– uso excessivo de inibidor de bomba de prótons (omeprazol, pantoprazol, lansoprazol…..)

Distúrbios metabólicos– insuficiência pancreática, cirrose, alcoolismo, idade avançada.

Este supercrescimento pode levar à má absorção de gordura, de proteínas e deficiência de vitaminas.

Sintomas: A maioria apresenta distensão abdominal, flatulência, desconforto abdominal ou diarreia aquosa crônica. As crianças apresentam dificuldade em ganhar peso.

Diagnóstico: No exame de endoscopia digestiva a aparência do intestino delgado pode estar normal. O diagnóstico é feito pelo teste respiratório de carboidratos (lactulose)

O tratamento é feito principalmente com antibióticos, e os probióticos têm mostrado algum efeito nestes casos.

HEMANGIOMA HEPÁTICO. VOCÊ SABE O QUE É ISSO?

Hemangiomas são tumores benignos e congênitos, causados por malformações em vasos sanguíneos durante a formação do embrião ainda na barriga da mãe, podendo ser encontrado em diversos órgãos do corpo humano como: pele, ossos e também no fígado.

Os hemangiomas do fígado acometem de 0,4 a 7% da população, sendo mais comum em mulheres jovens. São os tumores benignos mais frequentes do fígado, comumente assintomáticos e encontrados por acaso, em exames de imagem do abdome, solicitados por outros motivos.

O seu tamanho pode variar de alguns milímetros a vários centímetros, sendo chamados de hemangiomas gigantes aqueles com tamanho maior que 5 cm.

Em sua maioria, os hemangiomas são pequenos, não causam maiores problemas e não necessitam de tratamento específico. Porém, em uma minoria de casos, os hemangiomas podem causar sintomas como dor abdominal ao crescerem e “empurrarem” a cápsula do fígado. Além de dor, dependendo da sua localização e tamanho, podem comprimir órgãos próximos ao fígado, como o estômago, causando sintomas como saciedade precoce, sensação de estufamento após refeições, náuseas, vômitos e febre. Apesar de raras, complicações como rompimento ou formação de coágulos no interior, geralmente nos hemangiomas gigantes, podem necessitar ressecção cirúrgica, ou outros procedimentos para aborda-los.

TENHO PEDRA NA VESÍCULA, DEVO OPERAR?

A presença de cálculos biliares é relativamente comum em adultos, rara em crianças e aumenta a incidência após terceira década de vida. 70% dos cálculos são formados por colesterol e cálcio.

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de cálculos são obesidade, sexo feminino, idade fértil e idade acima de 40 anos de idade. Além destes, a predisposição genética, dieta pobre em fibras, hiperlipidemia, anemia hemolítica são outros fatores importantes.

A principal queixa nestes pacientes é dor abdominal aguda localizada na região superior do abdome que pode irradiar para as costas. Muitas vezes esta dor é desencadeada cerca de 1 hora após a ingestão de comidas gordurosas. Outros pacientes podem referir sintomas mais vagos como arrotos, náuseas, empachamento após ingestão gordurosa, ou mesmo “mal estar” vago.

A presença de febre ou outros sinais inflamatórios falam a favor de colecistite (inflamação da vesícula). Já a presença de icterícia (coloração amarelada da pele), comprovada no exame laboratorial, aumento de bilirrubinas e fosfatase alcalina, nos leva a pensar na presença de cálculo no canal biliar.

O método diagnóstico mais sensível e específico é o ultrassom.

TRATAMENTO 

Uma vez diagnosticada colelitíase em paciente sintomático, o tratamento definitivo é a cirurgia (convencional ou laparoscópica). Não há consenso na literatura sobre a realização de cirurgia profilática.

As indicações absolutas de cirurgia são para os pacientes sintomáticos e aqueles com história prévia de complicação resolvida ou não (pancreatite, colecistite).

Alguns pacientes assintomáticos devem ser considerados para a indicação cirúrgica, como aqueles com cálculos maiores que 3 cm, anemias hemolíticas, pólipos em vesícula associados a cálculos, vesícula em porcelana (maior risco de neoplasia).

Vale ressaltar que pacientes diabéticos devem ser operados mais precocemente, por apresentarem maiores riscos de complicações graves. Para gestantes com sintomas recorrentes, o momento ideal seria o segundo trimestre da gestação.

Saiba como é lavado o endoscópio aqui na Gastroclínica, antes de ser usado em você, para sua segurança.

Os endoscópios flexíveis, que não penetram em cavidades naturalmente estéreis (gastroendoscópios, colonoscópios e etc), são considerados instrumentos médicos semicríticos e requerem uma desinfecção de alto nível, com um produto bactericida, microbicida, virucida, tuberculocida. (isto é, contra bactérias, micróbios em geral, vírus, bacilo da tuberculose). As recomendações atuais inclui a imersão dos endoscópios em uma solução de glutaraldeido . Na temperatura ambiente ele inativa o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e o vírus da hepatite B, em menos de 5 minutos. Outros vírus, como o da hepatite C, requerem pelo menos 20 minutos.

Para lavarmos os endoscópios, fazemos inicialmente uma limpeza manual e em seguida colocamos numa reprocessadora automática que é uma máquina para limpeza com detergente enzimático e a desinfecção de alto nível com solução de glutaraldeído.

O processo automático tem a vantagem de reduzir o risco de contaminação de doenças e de exposição aos produtos de desinfecção para os membros da equipe, promoção efetiva da limpeza e desinfecção dos lumens endoscópicos e a certeza de um processo efetivo.

Os ciclos limpeza-desinfecção das lavadoras incluem todas as fases do tratamento: teste de vazamento, limpeza detergente, enxágue, desinfecção, enxágue final, e secagem. As quantidades dos produtos circulando nos diferentes estágios são monitorados automaticamente, usando-se alarmes e instrumentos de interrupção.

No final dos ciclos, é emitido um comprovante, da hora e data que o aparelho entrou na máquina e quando saiu, além do nome do operador que acompanhou o processo, número do endoscópio usado para o exame, número do prontuário do paciente, e os processos realizados para maior segurança do paciente.

OS EFEITOS DO ÁLCOOL NO SISTEMA DIGESTIVO

Qualquer quantidade de etanos afeta o organismo, mas os efeitos imediatos dependem da quantidade ingerida. O uso prolongado pode causar dezenas de doenças, em todos os órgãos do corpo.

Pode comprometer o sistema neurológico, cardiovascular, hematológico, pode causar distúrbios metabólicos e vários outros.

No sistema digestivo, o álcool está relacionado ao aumento da incidência de câncer na boca, faringe, esôfago, estômago e intestino. Esta incidência, em alguns casos, pode aumentar se associado ao tabagismo.

Está também relacionado com a piora dos sintomas da doença do refluxo gastroesofágico, piorando esofagite (inflamação do esôfago), desencadeando lesões agudas da mucosa do estômago e, talvez, induzindo úlceras gástricas e varizes esofágicas secundárias. A cirrose hepática também é desencadeada pelo etanol.

Pode levar à insuficiência pancreática, precipitação de quadros inflamatórios no pâncreas e predisposição para o câncer pancreático.

Diarreia e emagrecimento são manifestações clínicas não raramente encontradas nos indivíduos que fazem uso crônico do álcool, relacionada não só com a alimentação inadequada observada nesses pacientes, consequente de alterações pancreáticas, mas também por interferência na absorção dos nutrientes como vitaminas e aminoácidos na parede intestinal.

É muito tênue o limite que separa o “bebedor social” do alcoolista crônico. Com o passar dos anos e a continuidade do hábito, a tendência natural é aumentar a quantidade, seja no volume ou na frequência, assim, sem perceber, o indivíduo ultrapassa o limiar do aceitável ou tolerável pelo seu organismo. E é assim que aparecem as consequências, inclusive instalando-se o “dano hepático” que começa como uma esteatose hepática, chegando até um quadro de cirrose hepática.

Beba com moderação!!!

INGESTÃO DE CORPO ESTRANHO, SAIBA QUAIS OS PERIGOS

A obstrução esofágica por um bolo alimentar é o tipo mais comum de ingestão de corpo estranho observada em adultos. Este evento é, em geral, agudo e dramático, acompanhado de dificuldade para engolir e grande ansiedade.  A obstrução é muitas vezes completa e pode ser associada a uma grande salivação, incapacidade e deglutir mesmo líquidos e com dor  no peito importante. 

As crianças geralmente ingerem moedas, que muitas vezes  passa pelo  trato gastrointestinal  sem acidentes e  eliminadas nas fezes. Entretanto em alguns  casos podem surgir  problemas e  deve ser  retirada  através  da “endoscopia”.

Corpos estranhos com bordos afiados podem levar a um grande risco de lesão do trato gastrointestinal, e a complicação mais comum é a perfuração e devem ser removidos endoscopicamente logo depois da ingestão. Quanto maior o objeto cortante, maior perigo  acarreta. Agulhas, alfinetes, pedaços de vidro são comumente observados.

Os objetos de bordas irregulares como ossos, são grande ameaças a perfurações  do trato digestivo , e devem  ser  retirados  com muito cuidado.As baterias e pilhas podem levar a ulcerações caustica do trato gastrintestinal, quando acessível  deve  ser  retirada o mais  rápido possível.

Bezoares, que   são  concreções  de material  estranho   de origem   vegetal (fitobezoar), ou de  cabelos  engolidos(tricobezoar). Eles se fixam na parede gástrica ou duodenal e são difíceis de serem retirados endoscopicamente e muitas  vezes  evoluem para um quadro  de obstrução  intestinal , necessitando abordagem cirúrgica.

Em pacientes com problemas mentais, prisioneiros, pode se incluir a ingestão de alguns objetos como canivetes, garfos, colheres, grampos de cabelo, que podem ser extremamente difíceis de serem retirados.

A ingestão de “papelotes” de substancia ilícitas, não deve ser retirada endoscopicamente pela alta chance de perfuração dos “papelotes” e o paciente ir a óbito por “overdose”.

Quando os objetos levam a perfuração, deve ser considerada a extração cirúrgica, entretanto  na maioria  dos casos, a abordagem endoscopia  é  altamente  eficaz.

PREVENÇÃO DO CÂNCER COLORRETAL

Apesar da evolução dos tratamentos e do alto índice de diagnóstico precoce, o câncer colorretal vem mantendo uma curva ascendente nos países ocidentais. 

A neoplasia colorretal e seus precursores, os pólipos adenomatosos, são doenças multifatoriais, sofrendo influência de agentes externos, ambientais  e dietéticos, além  de hereditariedade. Vários autores descreveram que somente 5 a 10% dos tumores são causados por defeitos genéticos hereditários e que os restantes são esporádicos, causados por  mutações  genéticas  no indivíduo, sob  influência  de  fatores ambientais, alimentação e estilo  de vida, o que apresenta uma  grande oportunidade para prevenção.

Aproximadamente 70% da incidência de tumores está associada à dieta, sendo que alguns tipos de alimentos aceleram o crescimento dos tumores e outros  inibem.

Reconhece-se que a dieta ocidental caracterizada por alto teor de gorduras saturadas, proteína de origem animal (carne vermelha, carne processada) e baixo teor de fibras (frutas, vegetais e cereais) está associada a maior potencial carcinogênico. Fatores relacionados ao estilo de vida como fumo, sedentarismo, obesidade, consumo excessivo de álcool, conservantes, também foram incriminados. Por outro lado, são considerados fatores protetores o cálcio, vitamina D, folatos, selênio, vitamina e antioxidantes.

A prevenção primária consiste na identificação dos fatores de risco e na promoção de modificações no estilo de vida, de hábitos e na composição da dieta.As recomendações atuais são:

-consumir diariamente fibras, frutas e vegetais (25-30g/dia;
-praticar atividade física regular;
-evitar gorduras saturadas, redução para até 30% das calorias totais da dieta;
-evitar carne vermelha, processada e, principalmente, muito assada;-consumir peixe 2 a 3 vezes/semana;
-não fumar;-tomar 2 a 3 litros de água/dia;
-não ingerir bebidas alcoólicas em excesso;
-manter-se no peso ideal, evitar a obesidade;
-fazer um exame colonoscópico a partir dos 50 anos, mesmo sem queixas, e mais precoce com historia familiar, e sempre que indicado pelo seu médico.